quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Criança, esperança em semente!

Estamos a passos muito rápidos nos encaminhando ao final de mais um ano, quando menos esperamos, ele já tem também passado; envelhecemos mais um ano e nos damos conta que poderíamos ter vivido algumas situações mais intensas ou deveríamos ter nos demorado em outras que passaram e nem nos damos conta. Mais este mês traz dentre outros tantos elementos, uma situação pontual, que o comércio vai nomear “Outubro, mês das crianças”, e se aproveitam da ocasião para promoção do mundo fantasioso dos jogos e do consumismo exagerado de adereços e brinquedos para crianças que estão esquecendo a doce arte de brincar.

Um dos clichês mais conhecidos é: “A criança é o futuro da nação!” Tenho receio disso não passar de um jargão utilizado pela sociedade, e que não faça muita diferença na formação destes pequeninos, o próprio Jesus se dirigiu a elas com um carinho muito especial quando pronunciou: “deixai vir a mim...”. Observemos que nesta frase existe um grande ensinamento de Cristo, quando um líder chama para junto de si uma criança, ele está fazendo referência de que deseja que seus ensinamentos perpetuem, não fiquem estagnados no tempo, mas possa ser difundido e quem mais do que as crianças de hoje anunciando em um amanhã os ensinamentos que lhe foram repassados?

Eis o intuito de considerarmos as crianças como sementes do amanhã, pois elas serão os adultos de amanhã de fato, que conduziram a sociedade, gerenciaram as empresas, governaram e atuaram na política, irão formar novas consciências, realizaram novas descobertas cientificas, descobriram novas técnicas e aperfeiçoaram as já existentes, fazendo valer este maravilhoso ciclo da vida. A vida existe em uma constante transformação, hoje semente, amanhã frondosa árvore. Esta mudança, nos faz perceber o quanto o ser humano está em constante evolução, hoje crianças, amanhã adultos; mas o que oferecer para futuras gerações tão dotadas do rápido conhecimento e do mecanismo cibernético a sua disposição?

Parece que questionamentos não nos falta, e isso é o provável uma vez que sempre tememos pelo amanhã pelo fato de ser desconhecido, todavia, é sempre válido lembrar que o desconhecido também deva gerar expectativa e/ou esperança, pergunte ao homem do campo que lida com atividades agrícolas das suas motivações, ele sempre estará crendo na possibilidade de boa colheita e isso faz com que ele cuide bem da terra, prepare o terreno adequadamente, derrame seu suor e esforço na perspectiva da construção de seu desejo, um plantio satisfatório. Eis a experiência fantástica que chega a nos impressionar, a vida meus caros, nada mais é do que esta possibilidade de formação, desejo interno que impulsiona o ser, semente plantada que precisa ser cuidada, preparada com carinho e cultivada com o afeto necessário de quem deseja adquirir uma boa plantação.

Ao falar de criança enquanto semente da esperança, vejamos o exemplo vindo daqueles que semeiam, daqueles que labutam e mesmo com o ardor do trabalho, perseveram pois existe uma motivação que não os deixa desanimar. Vivemos em uma sociedade marcada pelo imediatismo e que deixam de saborear o que há de belo na vida, matamos nossas gerações e seus respectivos sonhos, quando não permitimos que nossas crianças sejam crianças, o que há de mais bonito na criança se não sua espontaneidade e liberdade, correr, pular, brincar, cair e se levantar, são experiências que no decorrer dos tempos a vida vai nos mostrando o quanto foi necessário cada passo dado. Não matemos nosso amanhã, querendo formar de maneira precoce adultos que não se dão o direito de perceber o belo da vida.

Criança, ser do sorriso fácil, das gargalhadas sem preocupações, do choro quando desejam algo, por um acaso caros adultos podem por acaso mim dizer se não é esta a realidade que a vida nos proporciona, o choro de hoje nada mais é do que a manifestação dos que lutam por seus ideais, o sorriso fácil nada mais é do que a realização dos projetos alcançados, dentre tantos outros ensinamentos advindos das crianças. A vida é realmente um ciclo o adulto pensando que forma e instrui a criança, quando de repente, percebe que muito também aprende quem as observa de maneira cuidadosa, sem precipitações ou juízos preestabelecidos. Esperança em semente é o que realmente nossas crianças são e lamento por aqueles que infelizmente foram roubados tal direito, ou se condicionaram a não ser o que cada fase propõe.

A semente que é lançada precisa encontrar solo fecundo, a esperança de quem planta está sempre arraigada de uma fé incondicional na expectativa de que tudo vai dar certo, a criança que foi formada como criança entenderá que é semente e que precisa de uma família que seja um bom solo, de uma sociedade que lhe dê oportunidades de se desenvolver, de um amanhã que não esteja movido pelo medo ou pelo domínio de alguns poucos, sinceramente ainda estou em dúvida quem realmente ensina quem? Os adultos com suas experiências de vida já exaustivamente as vezes repetidas e camufladas, ou as crianças que se dão o direito de se descobrir? O que sei é que neste constante ciclo da vida, todos aprendemos que temos que ser como crianças, tendo a consciência de que somos semente, portanto, seres em evolução, então não deixemos morrer o pendão da esperança.

Pe. Fábio Nascimento
Pároco de Hidrolândia

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