sábado, 16 de fevereiro de 2013

Esperando um novo Papa

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz

A segunda-feira de carnaval tomou de surpresa o mundo católico, com Bento XVI anunciando que irá renunciar ao papado no dia 28 de fevereiro. Sem acreditar no que estava sendo anunciado, bispos, padres, teólogos e repórteres começaram a se mobilizar em busca de mais informações que garantissem a veracidade da notícia.
Desde o primeiro momento, ficou evidente que não se tratava de um impulso impensado, uma vez que Bento XVI declarou literalmente: “bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma”. E justificou: “no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado”.

Ao se declarar livre para tomar a decisão, o Papa agiu em conformidade com as exigências do Direito Canônico (Cânon 332, & 2), onde se diz que “se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada”.
A decisão do Papa não é algo inédito, uma vez que houve outros casos na história da Igreja em que papas renunciaram a seu múnus. É verdade que a última vez em que um papa tomou tal decisão aconteceu há mais de 500 anos, quando Gregório XII assinou sua abdicação em 4 de julho de 1415, com o propósito de garantir a unidade da Igreja. Outro papa que renunciou ao cargo foi São Celestino V, que não se sentindo preparado para a função apresentou sua renúncia e depois foi canonizado pela Igreja. Aliás, ao que consta, Bento XVI invocou a ajuda de São Celestino V para tomar a decisão, uma vez que fez longas orações no túmulo deste santo.

A partir de agora, cabe a nós esperarmos a chegada de um novo Papa. Ele será escolhido pelos cardeais, em conclave, depois do dia 28 de fevereiro, quando a cátedra de São Pedro estiver vaga. Em conformidade com as palavras do ainda Papa Bento XVI, “vamos confiar a Sagrada Igreja aos cuidados de nosso Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e implorar a sua santa mãe, Maria para que ajude os cardeais com sua solicitude maternal, para eleger um novo Sumo Pontífice”.  Confiamos que o Espírito Santo mais uma vez irá inspirar os cardeais a escolherem a pessoa certa para ocupar o lugar que fica vago com a renúncia de Bento XVI. E a Igreja Católica certamente continuará a ser a nau segura que leva o povo ao encontro de Jesus Cristo.

Desejamos que Deus o conserve para que possa continuar a fazer ainda muito bem para a Igreja. Ao sucessor que for eleito, acolheremos com alegria e esperança. E todos juntos, firmes na fé, continuaremos a orar pelo futuro da nossa Igreja. 

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