“Cristãos e homens de boa vontade são chamados hoje a lutar não somente pela abolição da pena de morte”, disse o Papa
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta quinta-feira, 23, uma delegação da Associação Internacional de Direito Penal.
No discurso, o Santo Padre afirmou que os cristãos e homens de boa
vontade são chamados, hoje, a lutar não somente pela abolição da pena de
morte, em “todas as suas formas”, mas também pela melhoria das
“condições carcerárias”.
“Todos os cristãos e homens de boa vontade são, portanto, chamados hoje a
lutar não somente pela abolição da pena de morte, legal ou ilegal que
seja, e em todas as suas formas, mas também pela melhoria das condições
carcerárias, no respeito à dignidade humana das pessoas privadas da
liberdade. E uno isso também à prisão perpétua. No Vaticano, pouco tempo
atrás, no Código Penal do Vaticano, não há mais a prisão perpétua. Ela é
uma pena de morte dissimulada.”
Segundo o Pontífice, a prisão perpétua é uma “pena de morte
dissimulada”, por isso, “fiz com que ela fosse eliminada do Código Penal
Vaticano”, disse o Papa de forma espontânea.
“Nas últimas décadas – ressaltou no início o Santo Padre – difundiu-se a
convicção de que através da pena pública podem ser resolvidos os mais
variados problemas sociais, como se para as diferentes enfermidades
fosse recomendado o mesmo medicamento”.
O Papa Francisco definiu, por exemplo, o recurso à prisão preventiva uma
“forma contemporânea de pena ilícita oculta”, selada por um “verniz de
legalidade”, no momento em que produz a um detento não-condenado uma
“antecipação da pena” de forma abusiva. Disso – observou – deriva quer o
risco de multiplicar a quantidade dos “reclusos sem julgamento”, ou
seja, “condenados sem que sejam respeitadas as regras do processo” – e
em alguns países são 50% do total –, quer, num efeito dominó, o drama
das condições de vida nos cárceres.
“As deploráveis condições de detenção que se verificam em várias partes
do planeta constituem muitas vezes um autêntico traço desumano e
degradante, muitas vezes produto das deficiências do sistema penal,
outras vezes, da carência de infra-estruturas e de planejamento,
enquanto em muitos casos são nada mais que o resultado do exercício
arbitrário e impiedoso do poder sobre pessoas privadas da liberdade”.
O Papa Francisco comparou a detenção praticada nos cárceres de segurança
máxima a uma “forma de tortura” e a classificou como “medidas e penas
cruéis, desumanas e degradantes”. Segundo ele, o isolamento destes
lugares, causa sofrimentos psíquicos e físicos que resultam por
incrementar, “sensivelmente, a tendência ao suicídio”.
“As torturas não são praticadas somente como meio para obter a confissão
ou a delação, mas constituem um autêntico plus de dor que se acrescenta
aos males próprios da detenção. Desse modo, se tortura não somente em
centros clandestinos de detenção ou em modernos campos de concentração,
mas também nos cárceres, institutos para menores, hospitais
psiquiátricos, comissariados e outros centros e instituições de detenção
e pena”.
Por fim, o Papa Francisco exortou os penalistas a usarem o critério da
“cautela” na aplicação da pena”. Esse, asseverou, “deve ser o princípio
que rege os sistemas penais”:
“O respeito à dignidade humana deve constituir não somente um limite à
arbitrariedade aos excessos dos agentes do Estado, mas um critério de
orientação para a perseguição e repressão daquelas condutas que
representam os mais graves ataques à dignidade e integridade da pessoa
humana.”
Fonte: Canção Nova Notícias
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