Estamos a passos muito rápidos nos encaminhando
ao final de mais um ano, quando menos esperamos, ele já tem também passado;
envelhecemos mais um ano e nos damos conta que poderíamos ter vivido algumas
situações mais intensas ou deveríamos ter nos demorado em outras que passaram e
nem nos damos conta. Mais este mês traz dentre outros tantos elementos, uma
situação pontual, que o comércio vai nomear “Outubro, mês das crianças”, e se aproveitam
da ocasião para promoção do mundo fantasioso dos jogos e do consumismo
exagerado de adereços e brinquedos para crianças que estão esquecendo a doce
arte de brincar.
Um dos clichês mais conhecidos é: “A criança é o
futuro da nação!” Tenho receio disso não passar de um jargão utilizado pela
sociedade, e que não faça muita diferença na formação destes pequeninos, o
próprio Jesus se dirigiu a elas com um carinho muito especial quando
pronunciou: “deixai vir a mim...”. Observemos que nesta frase existe um grande
ensinamento de Cristo, quando um líder chama para junto de si uma criança, ele
está fazendo referência de que deseja que seus ensinamentos perpetuem, não
fiquem estagnados no tempo, mas possa ser difundido e quem mais do que as
crianças de hoje anunciando em um amanhã os ensinamentos que lhe foram
repassados?
Eis o intuito de considerarmos as crianças como
sementes do amanhã, pois elas serão os adultos de amanhã de fato, que
conduziram a sociedade, gerenciaram as empresas, governaram e atuaram na
política, irão formar novas consciências, realizaram novas descobertas
cientificas, descobriram novas técnicas e aperfeiçoaram as já existentes,
fazendo valer este maravilhoso ciclo da vida. A vida existe em uma constante
transformação, hoje semente, amanhã frondosa árvore. Esta mudança, nos faz
perceber o quanto o ser humano está em constante evolução, hoje crianças,
amanhã adultos; mas o que oferecer para futuras gerações tão dotadas do rápido
conhecimento e do mecanismo cibernético a sua disposição?
Parece que questionamentos não nos falta, e isso
é o provável uma vez que sempre tememos pelo amanhã pelo fato de ser
desconhecido, todavia, é sempre válido lembrar que o desconhecido também deva
gerar expectativa e/ou esperança, pergunte ao homem do campo que lida com
atividades agrícolas das suas motivações, ele sempre estará crendo na
possibilidade de boa colheita e isso faz com que ele cuide bem da terra,
prepare o terreno adequadamente, derrame seu suor e esforço na perspectiva da
construção de seu desejo, um plantio satisfatório. Eis a experiência fantástica
que chega a nos impressionar, a vida meus caros, nada mais é do que esta
possibilidade de formação, desejo interno que impulsiona o ser, semente
plantada que precisa ser cuidada, preparada com carinho e cultivada com o afeto
necessário de quem deseja adquirir uma boa plantação.
Ao falar de criança enquanto semente da
esperança, vejamos o exemplo vindo daqueles que semeiam, daqueles que labutam e
mesmo com o ardor do trabalho, perseveram pois existe uma motivação que não os
deixa desanimar. Vivemos em uma sociedade marcada pelo imediatismo e que deixam
de saborear o que há de belo na vida, matamos nossas gerações e seus
respectivos sonhos, quando não permitimos que nossas crianças sejam crianças, o
que há de mais bonito na criança se não sua espontaneidade e liberdade, correr,
pular, brincar, cair e se levantar, são experiências que no decorrer dos tempos
a vida vai nos mostrando o quanto foi necessário cada passo dado. Não matemos
nosso amanhã, querendo formar de maneira precoce adultos que não se dão o
direito de perceber o belo da vida.
Criança, ser do sorriso fácil, das gargalhadas
sem preocupações, do choro quando desejam algo, por um acaso caros adultos
podem por acaso mim dizer se não é esta a realidade que a vida nos proporciona,
o choro de hoje nada mais é do que a manifestação dos que lutam por seus
ideais, o sorriso fácil nada mais é do que a realização dos projetos
alcançados, dentre tantos outros ensinamentos advindos das crianças. A vida é
realmente um ciclo o adulto pensando que forma e instrui a criança, quando de
repente, percebe que muito também aprende quem as observa de maneira cuidadosa,
sem precipitações ou juízos preestabelecidos. Esperança em semente é o que
realmente nossas crianças são e lamento por aqueles que infelizmente foram
roubados tal direito, ou se condicionaram a não ser o que cada fase propõe.
A semente que é lançada precisa encontrar solo
fecundo, a esperança de quem planta está sempre arraigada de uma fé
incondicional na expectativa de que tudo vai dar certo, a criança que foi
formada como criança entenderá que é semente e que precisa de uma família que
seja um bom solo, de uma sociedade que lhe dê oportunidades de se desenvolver, de
um amanhã que não esteja movido pelo medo ou pelo domínio de alguns poucos,
sinceramente ainda estou em dúvida quem realmente ensina quem? Os adultos com
suas experiências de vida já exaustivamente as vezes repetidas e camufladas, ou
as crianças que se dão o direito de se descobrir? O que sei é que neste
constante ciclo da vida, todos aprendemos que temos que ser como crianças,
tendo a consciência de que somos semente, portanto, seres em evolução, então
não deixemos morrer o pendão da esperança.
Pe. Fábio Nascimento
Pároco de Hidrolândia
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