Realizou-se na manhã desta
quarta-feira, 20, na Sala Giovanni Paolo II, da Sala de Imprensa da
Santa Sé, um Briefing, ou seja, uma sequencia de informações, sobre a
história dos últimos conclaves, aos cuidados do Vice-Prefeito da
Biblioteca Apostólica Vaticana, Dr. Ambrogio Piazzoni, que escreveu um
livro sobre a história da eleição dos papas.
Este foi apenas um dos muitos
encontros que serão promovidos pela Sala de Imprensa da Santa Sé, com o
objetivo de oferecer um suporte histórico aos jornalistas de diversos
países, para uma melhor compreensão do período da Sé Vacante e do
Conclave.
Dr. Piazzoni falou da história
dos Conclaves para iluminar o que acontece na atualidade. A bem da
verdade, as normas que regem os Conclaves realizados atualmente são
fruto de experiências e de um amadurecimento que ocorreu ao longo dos
séculos.
O Vice-prefeito da Biblioteca
Apostólica Vaticana iniciou o encontro destacando que os primeiros
Conclaves sofriam muitas influências externas, especialmente por parte
das autoridades civis. Somente em 1059, com o Papa Nicolau II, foi
emitido o primeiro documento pontifício sobre o Conclave, onde era
indicado com precisão que “somente os cardeais tem o direito e o dever
de eleger um Pontífice”. Regra válida até os dias de hoje.
Posteriormente, em 1079, foi fixada a maioria de 2/3 dos votantes.
O Conclave, que vem do latim cum
clave (fechado), foi instituído apenas em 1271 pelo Papa Gregório X e a
obrigação do voto secreto, somente a partir de 1621, para dar maior
liberdade aos votantes.
A obrigação do 'segredo dos
Cardeais', durante e após o Conclave, veio apenas com o papado de São
Pio X, e que incluía também a obrigatoriedade da conservação da
documentação do conclave em arquivos.
Em 1922, um Motu Proprio de Pio
XI determinou a espera de 15 dias para se iniciar o Conclave, a fim de
aguardar a chegada dos Cardeais de todo o mundo.
A Constituição Apostólica
Vacantis Apostolicae Sedis, de 8 de dezembro de 1945, do Papa Pio XII,
determinou a maioria de 2/3 mais 1 dos votos dos Cardeais.
O Motu Proprio Summi Pontificis
electio, de João XXIII teve por objetivo uma simplicação do processo
eleitoral. As listas das votações deveriam ser conservadas em um arquivo
e consultadas somente com a autorização de um Papa. As anotações dos
cardeais também deveriam ser conservadas e não queimadas como no tempo
de Pio XII e por fim, deveriam ser queimadas somente as cédulas
eleitorais.
Somente em 1978, o Papa João Paulo II fixou que o Conclave deveria ser realizado na Capela Sistina.
Paulo VI dizia que ‘normalmente’ os Conclaves deveriam ser alí
realizados, mas sem uma obrigatoriedade. Ao longo da história, se dizia
que o Conclave deveria ser realizado no local onde o Pontífice viesse a
morrer. Conclaves foram realizados no Palácio Quirinale, em Roma,
ex-residência dos Papas, em quatro oportunidades.
Também foi João Paulo II a
estabelecer a Casa Santa Marta como local de acolhida dos Cardeais
durante o Conclave. João Paulo II também aboliu as formas de eleição
‘por aclamação’ ou ‘por compromisso’, mantendo apenas a forma ‘por
escrutínio’.
O Papa é bispo de Roma e chefe
Universal da Igreja. Em função desta estreita ligação, cada Cardeal,
independente do país de origem, é titular de uma paróquia em Roma.
Ao final, interpelado por
jornalistas, Dr. Piazzoni explicou quantos Papas haviam renunciado na
história. Ele informou que alguns Pontífices renunciaram obrigados e
outros por livre e espontânea vontade. Papa Ponciano, em 235, foi
condenado a trabalhar numa mina na Sardenha. Papa Silvério, em 537, foi
obrigado a abdicar e constrito a exilar-se na Ásia Menor. Martinho V foi
preso e mandado para a Criméia. Sobre o Papa João XVIII, em 1009, não
se tem muita certeza, mas é muito provável que tenha renunciado. Bento
IX, em 1044, renunciou e após voltou ao papado. Posteriormente Celestino
V, que reconheceu não estar preparado e por fim Gregório XII em 1415.
Somente um pontífice pode alterar
as regras que regem um Conclave. O próximo, a ser realizado em março,
será o 75º Conclave da história.
Fonte: noticias.cancaonova.com
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