Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz
Bispo de Santa Cruz
A segunda-feira de carnaval tomou de surpresa o mundo católico, com
Bento XVI anunciando que irá renunciar ao papado no dia 28 de fevereiro.
Sem acreditar no que estava sendo anunciado, bispos, padres, teólogos e
repórteres começaram a se mobilizar em busca de mais informações que
garantissem a veracidade da notícia.
Desde o primeiro momento, ficou evidente que não se tratava de um
impulso impensado, uma vez que Bento XVI declarou literalmente: “bem
consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que
renuncio ao ministério como Bispo de Roma”. E justificou: “no mundo de
hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda
relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e
proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o
que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu
tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o
ministério a mim confiado”.
Ao se declarar livre para tomar a decisão, o Papa agiu em conformidade
com as exigências do Direito Canônico (Cânon 332, & 2), onde se diz
que “se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a
validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente
manifestada”.
A decisão do Papa não é algo inédito, uma vez que houve outros casos na
história da Igreja em que papas renunciaram a seu múnus. É verdade que a
última vez em que um papa tomou tal decisão aconteceu há mais de 500
anos, quando Gregório XII assinou sua abdicação em 4 de julho de 1415,
com o propósito de garantir a unidade da Igreja. Outro papa que
renunciou ao cargo foi São Celestino V, que não se sentindo preparado
para a função apresentou sua renúncia e depois foi canonizado pela
Igreja. Aliás, ao que consta, Bento XVI invocou a ajuda de São Celestino
V para tomar a decisão, uma vez que fez longas orações no túmulo deste
santo.
A partir de agora, cabe a nós esperarmos a chegada de um novo Papa. Ele
será escolhido pelos cardeais, em conclave, depois do dia 28 de
fevereiro, quando a cátedra de São Pedro estiver vaga. Em conformidade
com as palavras do ainda Papa Bento XVI, “vamos confiar a Sagrada Igreja
aos cuidados de nosso Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e
implorar a sua santa mãe, Maria para que ajude os cardeais com sua
solicitude maternal, para eleger um novo Sumo Pontífice”. Confiamos que
o Espírito Santo mais uma vez irá inspirar os cardeais a escolherem a
pessoa certa para ocupar o lugar que fica vago com a renúncia de Bento
XVI. E a Igreja Católica certamente continuará a ser a nau segura que
leva o povo ao encontro de Jesus Cristo.
Desejamos que Deus o conserve para que possa continuar a fazer ainda
muito bem para a Igreja. Ao sucessor que for eleito, acolheremos com
alegria e esperança. E todos juntos, firmes na fé, continuaremos a orar
pelo futuro da nossa Igreja.
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