Como ser um católico bem formado?
Quanto mais conhecemos a Igreja, mais a amamos
O autor da Carta aos Hebreus escreveu: “Ora, quem
se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda,
porque é ainda criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para
aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal” (Hb
5, 13-14). Sem esse “alimento sólido”, que a Igreja chama de “fidei
depositum” (o depósito da fé), ninguém poderá ser verdadeiramente
católico e autêntico seguidor de Jesus Cristo.
Não há dúvida de que a maior necessidade do povo católico hoje é a formação na doutrina.
Por não a conhecer bem, esse mesmo povo, muitas vezes, vive sua
espiritualidade, mas acaba procedendo como não católico, aceitando e
vivendo, por vezes, de maneira diferente do que a Igreja ensina,
especialmente na moral. E o pior de tudo é que se deixa enganar pelas
seitas, igrejinhas e superstições.
Desde o começo da Igreja os Apóstolos se esmeraram
na formação do povo. São Paulo, ao escrever a S. Tito e a S. Timóteo,
os primeiros bispos que sagrou e colocou em Creta e Éfeso,
respectivamente, recomendou todo cuidado com a “sã doutrina”.
Veja algumas exortações do Apóstolo dos Gentios; a Tito ele recomenda:
seja “firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para
poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem” (Tt
1, 9). “O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina” (Tt 2,1).
A Timóteo ele recomenda: “Torno a lembrar-te a
recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias
permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar
doutrinas extravagantes, e a preocupar-se com fábulas e genealogias” (Tm
1, 3-4). E “Recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de
Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina que até
agora seguiste com exatidão” (1Tm 4,6). São Paulo ensina que Deus “quer
que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”
(1Tm 2, 4).
Sem a verdade não há salvação. E essa verdade foi
confiada à Igreja: “Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves
portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e
sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15). Jesus garantiu aos Apóstolos na
Última Ceia que o Espírito Santo “ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,
13) e “relembrar-vos-á tudo o que lhe ensinei” (Jo 14, 25). Portanto, se
o povo não conhecer esta “verdade que salva”, ensinada pela Igreja, não
poderá vivê-la. Mas importa que essa mesma verdade não seja
falsificada, que seja ensinada como recomenda o Magistério da Igreja,
que recebeu de Cristo a infalibilidade para ensinar as verdades da fé
(cf. Catecismo da Igreja Católica § 981).
Já no primeiro século do Cristianismo os Apóstolos
tiveram que combater as heresias, de modo especial o gnosticismo
dualista; e isso foi feito com muita formação. São Paulo lembra a
Timóteo que: “O Espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros,
alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a
doutrinas diabólicas, de hipócritas e impostores [...]” (1Tm 4,1-2).
A Igreja, em todos os tempos,
se preocupou com a formação do povo. Os grandes bispos e padres da
Igreja como Santo Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Atanásio, Santo
Irineu, e tantos outros gigantes dos primeiros séculos, eram os
catequistas do povo de Deus. Suas cartas, sermões e homilias deixam
claro o quanto trabalharam na formação dos fiéis.
Hoje, o melhor roteiro que Deus nos oferece para
uma boa formação é o Catecismo da Igreja Católica, aprovado em 1992 pelo
saudoso Papa João Paulo II. Em sua apresentação, na Constituição
Apostólica “Fidei Depositum”, ele declarou: “O Catecismo da Igreja Católica
[...] é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica,
testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição
apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento
válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura
para o ensino da fé”. E pede: “Peço, portanto, aos Pastores da Igreja e
aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão e que o
usem assiduamente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de apelar
para a vida evangélica. Este Catecismo lhes é dado a fim de que sirva
como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina
católica […]. O “Catecismo da Igreja Católica”, por fim, é oferecido a
todo o homem que nos pergunte a razão da nossa esperança (cf. lPd 3,15) e
queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê.”
Essas palavras do Papa João Paulo II mostram a
importância do Catecismo para a formação do povo católico. Sem isso,
esse povo continuará sendo vítima das seitas, enganado por falsos
pastores e por falsas doutrinas.
Mais do que nunca a Igreja confia hoje nos leigos,
abre-lhes cada vez mais a porta para evangelizar; então, precisamos
fazer isso com seriedade e responsabilidade. Ninguém pode ensinar aquilo
que quer, o que “acha certo”; não, somos obrigados a ensinar o que
ensina a Igreja, pois só ela recebeu de Deus o carisma da
infalibilidade. Ninguém é catequista e missionário por própria conta,
mas é um enviado da Igreja. Sem a fidelidade a ela, tudo pode ser perdido.
Portanto, é preciso estar preparado, estudar, conhecer a Igreja, a
doutrina, a sua História, o Catecismo, os documentos importantes, a
liturgia, entre outros. Quanto mais conhecemos a Igreja e todo o tesouro
que ela traz em seu coração, tanto mais a amamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário