Os conteúdos considerados na reflexão do Sínodo dos Bispos além das
intervenções verbais na Aula Sinodal também acolhem as contribuições que
os bispos entregam, por escrito, para a Secretaria Geral. Alguns desses
textos foram publicados neste domingo, 21 de outubro, pelo jornal do
Vaticano.
Veja alguns trechos dessas contribuições, com tradução livre, do assessor de imprensa da CNBB, que está em Roma:
Cardeal Giuseppe Versaldi, presidente da Prefeitura dos Negócios Econômicos da Santa Sé, tratou da transparência na gestão dos bens temporais:
“Como Cristo ensinou, o anúncio do evangelho deve ser sempre acompanhado
da credibilidade daqueles que o anuncia colocando em prática a mensagem
que proclama. Isto se refere também ao modo como a Igreja usa os bens
temporais necessários para a sua missão espiritual.”
Dom Joachim Kouraleyo Tarounga, bispo de Mondou, no Chade, falou sobre o desafio da nova evangelização onde proliferam a bruxaria, o alcoolismo e as seitas:
“O contexto da Igreja no Chade (África) está bem descrito pela logomarca
do ano da Fé. Vários decênios de guerra e de pobreza acabaram por criar
no povo um sentimento de impotência e de insegurança, um autêntico
viveiro para a o sentido de perda e para a proliferação de fenômenos
como a bruxaria, a adivinhação, o alcoolismo e as seitas. Mas também a
presença viva de Cristo (...) É difícil anunciar Jesus Cristo à pessoas
traumatizadas, que não têm mais confiança em ninguém. O nomadismo
religioso, que é uma forma concreta do relativismo, o demonstra. Onde o
novo evangelizador pode encontrar, portanto, a força necessária para
cumprir sua missão? (...) O novo evangelizador é chamado a aceitar, com
serenidade, o pluralismo como âmbito da proclamação de Cristo (...) O
novo evangelizador deve crer que o evangelho anunciado produzirá o seu
efeito”.
Dom Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, presidente da Conferência Episcopal do Timor Leste escreveu sobre a Igreja alegre e florescente:
No Timor, “97% da população é católica e a Igreja Católica tem três
dioceses. A Conferência episcopal existe há 6 meses. O resto da
população é composto de protestantes, hinduístas, budistas, muçulmanos e
alguns ‘neutros’. A Igreja do Timor é muito florescente. A população
vive com simplicidade mas com grande convicção a fé em Jesus Cristo,
começando pelos membros do Governo, os quais testemunham, publicamente e
sem reserva, a sua fé, apesar do que diz a Constituição do País.
Podemos dizer que sentimos uma grande alegria e orgulho, um santo
orgulho de ser uma nação que crê em Jesus Cristo e de pertencer à Igreja
Católica em plena Ásia, mesmo que não compreendemos ainda bem todos os
desafios que isso implica”.
Dom Menghestear Tesfamariam, bispo de Asmara, Eritréia, lembrou que é preciso erradicar a atitude medíocre:
“Se queremos ser sinceros conosco, é preciso admitir que não somos
coerentes com aquilo que professamos. E isso tem sido, e é agora, o
maior inimigo da nossa fé. É por isso que que no fina do Sermão da
Montanha, no evangelho de Mateus, Jesus nos diz claramente: ‘nem todo
aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos céus, mas sim
aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus’ (Mt 7,21). Na
transmissão da fé cristã com a nova evangelização, devemos fazer de tal
modo que o povo aceite a Palavra de Deus e a siga fielmente. Devemos
erradicar essa atitude medíocre de nós mesmos e de nossas comunidades”.
Dom Rosário Saro vella, bispo de Ambanja, Madagascar se referiu aos jovens:
“A nova evangelização necessita de evangelizadores corajosos. Poderia se
dizer que a Barca de Pedro se encontra no meio de uma tempestade.
Deixemos nos guiar pelo vento do Espírito Santo e não lamentemos se as
ondas passam a impressão de que vamos afundar. Antes, devemos preferir
esses riscos ao invés de navegar em águas estagnadas que nos dão apenas
falsas seguranças.
Quando os jovens dialogam amam sempre estar no mesmo nível do
interlocutor. Os jovens nos ensinam a humildade. Muitas vezes nos
apresentamos ao mundo como mestres de uma verdade da qual pensamos ser
os únicos detentores, esquecendo que, ao invés, somos débeis e cansados
peregrinos em busca da verdade. No diálogo interno da Igreja, no diálogo
ecumênico, no diálogo inter-religioso, no diálogo com as grandes
religiões ou com pessoas de outras convicções não deveremos ter essa
atitude de humildade?
Os jovens nos ensinam a alegria. Uma alegria que é antes de tudo,
interior porque vem de Deus, mas que se exprime também externamente. Os
jovens pedem de nós uma liturgia mais alegre, mais participada, mais
conforme à vida deles, uma liturgia de cantos e danças. Nos pedem uma
moral exigente, mas não negativa, uma moral que liberte os jovens das
escravidões do egoísmo, do relativismo, do hedonismo e que encha o
coração deles. Os jovens nos pedem uma fé não intelectual, mas vital.
Uma fé que passe pela mente, nas chegue ao coração”.