Durante esta semana (12 a 18 de agosto) está acontecendo a Semanal
Nacional da Família em todo Brasil. Desde pequenas comunidades
paroquiais, até arquidioceses inteiras, estão refletindo sobre a
temática da família, a partir do tema: ‘A Família: o trabalho e a
festa’. Neste quinto dia de partilha e celebração, a Comissão Episcopal
Pastoral para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), organizou um texto a partir das Catequeses preparatórias
ao 7º Encontro Mundial das Famílias, que trata da família no âmbito do
trabalho, como uma contribuição na reflexão.
Família e o trabalho
Hoje, o mercado do trabalho obriga não poucas pessoas, principalmente se
são jovens e mulheres, às situações de incerteza constante,
impedindo-os de trabalhar com a estabilidade e segurança econômica e
social. Impondo “regras” individualistas e egoístas às gerações mais
jovens na formação de uma família, e às famílias, a geração e a educação
dos seus filhos.
O trabalho é o gesto de justiça com que as pessoas participam no bem da sociedade e contribuem para o bem comum.
A oportuna “flexibilidade” do trabalho, exigida pela chamada
“globalização”, não justifica a permanente precariedade de quem tem na
sua única “força trabalho” o recurso para assegurar para si mesmo e para
a sua família o necessário para viver. Previdências sociais e
mecanismos de proteção adequados devem fazer parte da economia do
trabalho, a fim de que sobretudo as famílias que vivem os momentos mais
delicados, como a maternidade, ou mais difíceis, como a enfermidade e o
desemprego, possam contar com uma razoável segurança econômica.
Os ritmos de trabalho contemporâneos, estabelecidos pela economia
consumista, limitam até quase anular os espaços da vida comum,
sobretudo em família. O perigo de que o trabalho se torne um ídolo é
válido também para a família que esquece de Deus, deixando-se absorver
completamente pelas ocupações mundanas, na convicção de que nelas se
encontra a satisfação de todos os seus desejos. Isto acontece quando a
atividade de trabalho detêm o primado absoluto das relações familiares e
quando ambos os cônjuges buscam apenas o lucro econômico e depositam a
sua felicidade unicamente no bem-estar material.
O justo equilíbrio de trabalho exige que todos os membros da família
tenham discernimento acerca das opções domésticas e profissionais: no
trabalho doméstico, todos os membros da família são convidados a
colaborar, e não somente as mulheres e a atividade profissional não
diminua o relacionamento familiar. Infelizmente, atualmente, a ideologia
do lucro e do consumo impedem muitos membros da família a buscarem, com
sabedoria e harmonia, o equilíbrio entre trabalho e família. A condição
da vida humana prevê para a família cansaço e dor, sobretudo no que
diz respeito ao trabalho para o próprio sustento.
No entanto, o cansaço derivado do trabalho encontra sentido e alívio
quando é assumido não para o enriquecimento egoísta pessoal, mas sim
para compartilhar os recursos de vida na lógica cristã, dentro e fora da
família, especialmente com os mais pobres.
No que se refere aos filhos, às vezes os pais “pecam“ ao evitar que os
filhos enfrentem qualquer dificuldade. Pois, essa prática pode tornar os
filhos incapazes de assumirem num futuro próximo suas
responsabilidades.
Aos pais e filhos deve-se sempre recordar que a família é a primeira
escola de trabalho e gratuidade, onde se aprende a ser responsável por
si mesmo e pelos outros. A vida familiar, com as suas tarefas
domésticas, ensina a apreciar o cansaço e a fortalecer a vontade em
vista do bem-estar comum e do bem recíproco.
Precisamos promover políticas públicas e sociais que coloquem no centro o
ser humano e salvaguardem a criação para garantir a dignidade
humana/familiar e o justo equilíbrio do trabalho na vida familiar.
Além é claro de uma atenção aos pobres, uma dimensão da família
saudável, que é uma das mais bonitas formas de amor ao próximo, que uma
família possa viver. Saber que mediante o próprio trabalho se ajuda
aqueles que não dispõem do que lhes é necessário para viver, fortalece o
compromisso e sustêm no cansaço. E mais ainda quando a família se
empenha com a promoção da justiça social colaborando para que as
políticas públicas tenham como centro a pessoa humana desde do início ao
fim natural da sua vida.
Dessa forma a família se torna um sinal de contradição da propriedade egoísta da riqueza e da indiferença pelo bem comum.
Os membros da família ainda são convidados a oferecer aquilo que possuem
a quantos nada têm, compartilhar com os pobres as próprias riquezas,
procurando reconhecer que tudo o que recebemos é graça, e que na origem
da nossa prosperidade existe um dom de Deus, que não pode ser conservado
para nós mesmos, mas há de ser dividido com os outro.
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