Quando,
num encontro social, a conversa gira em torno de assuntos religiosos, é comum
alguém declarar, com a maior naturalidade: “Sou católico, mas não pratico”...
Interessante é que a maioria
parece achar muito normal e lógica essa afirmação: raramente alguém contesta.
Assim, dias depois, numa outra oportunidade, numa outra discussão sobre
assuntos religiosos, é possível que alguém volte a fazer a mesma afirmação. Mas,
como pode alguém “ser” e não “praticar”? Essa ideia de que se pode acreditar na
Igreja, sem colocar em prática a sua fé, infelizmente, é tão comum que já se
tornou a mentalidade predominante em muitos ambientes.
A justificativa desse
comportamento varia de pessoa para pessoa: existem aquelas que deixaram de lado
a prática religiosa pela decepção com um líder ou administrador da sua
comunidade: o padre fez ou falou alguma coisa que aquela pessoa não gostou e
pronto, já é motivo para abandonar Jesus Cristo e a Igreja, como um todo.
Alguns outros, meio sem perceber, foram abandonando pouco a pouco a vida de fé:
deixaram de ir à Missa um dia, depois outro... Quando perceberam, não estavam
indo mais à igreja. Depois vão deixando de rezar com regularidade, deixando de
ler a Bíblia Sagrada, e, quando notam, já organizaram suas vidas de tal maneira
que não há mais espaço para a religião, para a Comunhão com Deus...
Outros, ainda, têm um
conhecimento tão superficial da sua religião que, sem refletir muito, a renegam.
Quando alguém critica a Igreja, essas pessoas ajudam a criticar, ao invés de
defender a sua Fé, a sua Casa, a sua Família. Lembram-se que a Igreja existe
apenas em ocasiões como a celebração de um batizado, casamento ou Missa de
sétimo dia de algum querido falecido, como se a Igreja fosse somente um lugar
para encontros sociais.
Algumas pessoas também
deixam a prática religiosa com o argumento de que não gostam de normas e ritos:
preferem fazer a sua própria religião, do “seu jeito”. Não querem dogmas, regras
morais, ritos... Esquecem que somos seres humanos, e não anjos elevados: os
anjos não precisam de gestos, sinais e palavras para se relacionar com Deus,
pois são seres espirituais. Nós, ao contrário, precisamos desses recursos como
meio de comunicação.
A Fé nos torna participantes
da Família de Deus e membros da Igreja, e é através dela que seguimos o Caminho
da Salvação, que é Jesus Cristo. Nossa família cristã, a Igreja do Senhor, tem
uma história de dois milênios, uma rica tradição e belíssima Liturgia, que se
reflete nas belas celebrações. Pode ser que algumas pessoas não as entendam,
mas, antes de simplesmente ignorá-las, ou pior, desprezá-las, seria mais
prudente procurar conhecê-las, entender os seus significados e descobrir os
seus valores. O principal, muitas vezes, é invisível aos olhos. O próprio Jesus
Cristo, mesmo sendo Deus, quando assumiu a natureza humana observou os ritos:
foi batizado, passou noites em oração, foi ao Templo de Jerusalém, frequentava
as sinagogas, lia as Escrituras...
Não se pode dizer que tem fé
e não demonstrá-la nos gestos, na postura, na prática. A fé e o modo de vida
não vivem separados. A Bíblia diz que a fé sem obras é morta (Tg 2, 14-26).
Conta-se que certo
empresário muito rico, mesmo sendo ateu, em viagem à Índia fez questão de ir
conhecer Madre Teresa de Calcutá: ele tinha muita admiração por sua vida e
obra. Chegando à casa das missionárias, onde Madre Teresa vivia, encontrou-a em
meio a um mar de crianças miseráveis, muitas doentes, num quadro desolador. Viu
uma velha senhora, que poderia estar descansando e aproveitando tranquilamente
seus últimos anos de vida, sacrificando-se, literalmente, pelo bem do próximo.
Comovido, o homem
aproximou-se e se apresentou, declarando sua admiração pela religiosa. Madre Teresa
foi gentil, mas não deixou de fazer o seu trabalho. Os dois conversaram por
alguns minutos, até que o rico empresário, prestando atenção ao grande
crucifixo pendurado ao pescoço de Madre Teresa, comentou: “Admiro muito o seu
trabalho e o seu exemplo, mesmo não acreditando neste símbolo que a senhora
usa”.
Ouvindo isso, Madre Teresa
respondeu: “Meu filho, tudo que eu sou e faço todas as coisas pelas quais você
me admira... É tudo por causa do que este símbolo representa. Se não fosse pela
minha fé e amor a Cristo Crucificado e Ressuscitado, você nem saberia que eu
existo!”...